Quando a gente era criança e minha mãe
queria incentivar meu irmão a fazer alguma coisa, que para ele era difícil ou
trabalhoso, ela lançava o desafio: “você é um homem ou um saco de batatas?”.
Meu irmão, às vezes já de saco cheio, respondia: “um saco de batatas.”. Estava
lembrando disso outro dia, quando um amigo me perguntou o que eu mais me irritava
nas pessoas. Pensei um pouco e respondi: Pessoas que não assumem me irritam
profundamente.
Assim como tive de explicar para
meu amigo explico aqui: O problema no mundo são as pessoas que vivem sem assumir
o amor que sentem, ou que não sentem mais – ou nunca sentiram, que não assumem
que são infelizes, que não assumem que são ricas, ou pobres, que não honram
seus compromissos, de qualquer natureza que sejam, não se importam com sua
palavra. Assumir requer coragem. Porque ao assumir o que quer que seja, você
precisa estar pronto a tomar alguma atitude, ou arcar com as consequências de
uma decisão.
O problema é que hoje em dia, onde
tudo é leve fácil, rápido, as pessoas se tornaram assim também: leves e vazias.
Não se preocupam em assumir suas posições, muito menos pensam no que fazer depois
disso. Vão, enfim, vivendo um conformismo irritante e clichê, como se a vida
fosse um comercial de margarina – pelo menos na superfície. Embora, no fundo,
estejam gritando por dentro. Mas e daí? Ninguém vai ao fundo de nada mesmo.
Há alguns posts atrás, escrevi sobre solidão. Naquele texto, eu valorizava a solidão como oportunidade de
autoconhecimento, de se abrir para o novo e desconhecido. O problema da solidão
é a carência. Expliquei minha teoria para outro amigo, com quem agora tenho o
prazer de compartilhar as aulas de dança: “Você gosta de suco natural, mas às
vezes, está com tanta sede, que acaba aceitando um guaraná Dolly”. Ele
gargalhou e concordou. “O problema”, continuei, “é que o guaraná Dolly começa achar que é Coca-Cola. Mesmo se fosse, você quer mesmo o bom e velho suco de
laranja, com gelo. Sem açúcar”.
E como não cair nessas ciladas?
Pessoas que não assumem o que pensam, o que querem, esses guaranás Dolly e
sacos de batatas no caminho? Proponho ajustar o foco, cuidado nós mesmos para
que não sejamos assim. Assumindo nossos amores, nossas ideias, opções,
felicidade ou infelicidade. À medida que cuidamos para não sermos assim
superficiais, percebemos que é melhor esperar pelo suco um pouco mais, do que
aturar um guaraná Dolly, ou um saco de batatas... rs.
Lukita, se reconheceu? Falei que ia
citar vc...Orgulho do meu amigo que certamente não é um saco de batatas...
Perfeito... Concordo em número, genero e grau... Adorei!
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