domingo, 3 de fevereiro de 2013

“Ou um saco de batatas?”



Quando a gente era criança e minha mãe queria incentivar meu irmão a fazer alguma coisa, que para ele era difícil ou trabalhoso, ela lançava o desafio: “você é um homem ou um saco de batatas?”. Meu irmão, às vezes já de saco cheio, respondia: “um saco de batatas.”. Estava lembrando disso outro dia, quando um amigo me perguntou o que eu mais me irritava nas pessoas. Pensei um pouco e respondi: Pessoas que não assumem me irritam profundamente.
Assim como tive de explicar para meu amigo explico aqui: O problema no mundo são as pessoas que vivem sem assumir o amor que sentem, ou que não sentem mais – ou nunca sentiram, que não assumem que são infelizes, que não assumem que são ricas, ou pobres, que não honram seus compromissos, de qualquer natureza que sejam, não se importam com sua palavra. Assumir requer coragem. Porque ao assumir o que quer que seja, você precisa estar pronto a tomar alguma atitude, ou arcar com as consequências de uma decisão.
O problema é que hoje em dia, onde tudo é leve fácil, rápido, as pessoas se tornaram assim também: leves e vazias. Não se preocupam em assumir suas posições, muito menos pensam no que fazer depois disso. Vão, enfim, vivendo um conformismo irritante e clichê, como se a vida fosse um comercial de margarina – pelo menos na superfície. Embora, no fundo, estejam gritando por dentro. Mas e daí? Ninguém vai ao fundo de nada mesmo.
Há alguns posts atrás, escrevi sobre solidão. Naquele texto, eu valorizava a solidão como oportunidade de autoconhecimento, de se abrir para o novo e desconhecido. O problema da solidão é a carência. Expliquei minha teoria para outro amigo, com quem agora tenho o prazer de compartilhar as aulas de dança: “Você gosta de suco natural, mas às vezes, está com tanta sede, que acaba aceitando um guaraná Dolly”. Ele gargalhou e concordou. “O problema”, continuei, “é que o guaraná Dolly começa achar que é Coca-Cola. Mesmo se fosse, você quer mesmo o bom e velho suco de laranja, com gelo. Sem açúcar”.
E como não cair nessas ciladas? Pessoas que não assumem o que pensam, o que querem, esses guaranás Dolly e sacos de batatas no caminho? Proponho ajustar o foco, cuidado nós mesmos para que não sejamos assim. Assumindo nossos amores, nossas ideias, opções, felicidade ou infelicidade. À medida que cuidamos para não sermos assim superficiais, percebemos que é melhor esperar pelo suco um pouco mais, do que aturar um guaraná Dolly, ou um saco de batatas... rs.

Lukita, se reconheceu? Falei que ia citar vc...Orgulho do meu amigo que certamente não é um saco de batatas...

Um comentário:

Voltei. Tava com Saudade.

Hoje eu voltei. Voltei porque senti saudade. Saudade do tempo que eu podia chorar no seu ombro as minhas mágoas, filosofar minhas ide...