terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sonhar ou realizar?



Outro dia, no trabalho, conversávamos sobre fazer planos para o ano novo. Alguns consideravam tal atitude uma grande besteira, já que no fim não passam de promessas que serão abandonadas ainda em janeiro, outros, como eu, afirmavam que é ótimo fazer planos e que sempre usam o ano novo para isso. Foi quando me lembrei da lista que havia feito no final de 2011, para esse ano. Estava tão feliz que 2011 estivesse acabando, 2012 surgia como uma oportunidade de fazer tudo novo e ser muito feliz. Levei aquela lista de ano novo a sério: Escrevi e coloquei dentro da minha carteira. Naquela tarde no trabalho abri a carteira e peguei a lista: dos nove planos estabelecidos por mim, eu havia realizado seis por completo!
Em 2012 eu fiz mais do que planejava, vivi o que não imaginava viver: fiquei perdida num país estranho, voei de novo, fiz tatuagem, voei pra Recife só pra assistir ao show dos meus sonhos, fui promovida no trabalho, vi a neve... Nossa, 2012 pra mim teve cheiro de novidade. Experimentei coisas que sempre desejei, mas que nenhum momento da minha vida imaginava que iria experimentar um dia, ainda mais em um só ano. As realizações foram muito além daquela lista. Foi um ano que eu realizei mais e sonhei menos, fechei ciclos, abri e fechei outros.  Mas não quero ficar aqui falando sobre isso.
Dia desses, em meio ao sofrimento da musculação, fazendo os exercícios e olhando pro espelho, me vi pensando na razão de estar ali, fazendo todo aquele esforço: saúde? Ficar bonita? Para mim? Para os outros? Fiz essa retrospectiva mental da minha vida em 2012 e de como havia ido parar ali: Afinal, o que eu queria? O que despontava no horizonte da minha mente e do meu coração como o ideal para a minha vida? Me surpreendi aos constatar almejava coisas elementares, que possivelmente são desejos de tantas outras pessoas, tantas outras mulheres como eu. Ali vi que traçar planos para 2013 será uma tarefa diferente da que foi em 2011.
Quando voltava do Rio após meu voo de asa delta, fiquei pensando no que eu queria dali para a frente, pois já havia realizado grandes sonhos e que pouco havia para conquistar. Aquela ideia de não ter nenhum projeto para colocar em prática me deixou assustada. Não é bom viver sem planos, sem sonhos. Mas percebi que era apenas uma mudança de fase, que depois da tempestade, minha vida entrava agora em calmaria...
Para 2013, nada de grandes viagens, altos voos, grandes conquistas. Em 2013 quero valorizar aspectos menos grandiosos aparentemente. Ninguém jamais dirá: “Que incrível! Você passou mais tempo em casa esse ano!” Ou: “nossa, há um ano que você não muda de emprego...” Ou ainda: “Você nem se apaixonou tsc, tsc...”. Seria uma regressão? Essa ideia ainda assola minha mente.
É como aquele jovem que desde menino sonhou em ser do exército e, quando convocado, se entusiasma com a ideia de ir para a guerra e derrotar o inimigo. Ao chegar ao exército, é surpreendido por um programa de treinamento, tarefas burocráticas, meras simulações de combate. Ele pensa: “poxa, eu quero ir para a guerra, quero dar tiros, voos rasantes sobre o território inimigo... Não vou conseguir nenhuma medalha treinando nesse quartel!” Mal sabe o jovem aspirante que aquele tempo é indispensável para conquistar as medalhas que ele sempre sonhou.
Para ele, é uma preparação, para mim, é um recarregar de baterias: sonhar, refletir onde cheguei, pensar sobre onde quero chegar. Estreitar os laços, estar bem com Deus, com as pessoas mais chegadas. Em 2013 quero uma velha novidade. Cuidar da raiz, podar os ramos, para que a planta da minha vida fique mais forte e saudável. O que é mais importante? Sonhar ou realizar? A verdade obvia é que um não existe sem o outro. É preciso apenas serenidade para viver e aceitar cada momento. E seu 2013? Como será?

Estou feliz de voltar a escrever aqui... Espero poder fazer isso com mais frequência!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O que aprendi com a minha mãe


Não sou uma pessoa muito velha, mas Deus já me deu a oportunidade de viver experiências maravilhosas e conhecer pessoas incríveis. Costumo dizer que gostaria de ter uma caixinha pra colocar certas pessoas, para que sempre eu pudesse estar perto delas. Entram nesse hall algumas poucas, mas insubstituíveis e indispensáveis amigas, alguns professores maravilhosos, meus irmãos.
Mas tem alguém que eu sonho em ter sempre perto, mais do que todos esses. Alguém pra quem eu sempre corro quando dá tudo certo ou dá tudo errado. Alguém que estudou pouco, mas é muito mais inteligente que muito doutor por aí. Alguém que viajou pouco, mas conhece o mundo como ninguém. Alguém que inexplicavelmente sabe exatamente o que eu preciso, na hora certa, sem eu precisar dizer. A mulher que eu mais admiro no mundo e igual quem eu quero ser quando crescer: minha mãe.
Todo mundo que a conhece é apaixonado por ela. Às vezes eu queria que fosse exclusividade minha, mas não tem jeito: A casa vive cheia de amigas dela, o telefone dela não para de tocar e aonde ela vai acaba conquistando mais alguém. Na volta da minha viagem, quando eles foram me buscar no aeroporto, dizem meus irmãos que ela chorava a cada reencontro que assistia e logo puxou conversa com várias pessoas. Posso imaginar a cena dela lá, falando com as pessoas, sobre Deus, meio ambiente, Dilma, homens ou a música do Michel Teló. Posso ver ela toda eloquente, cheia de ideias tão peculiares, com aquele brilho no olhar. Essas pessoas viram um pouco de quem é minha mãe, mas jamais imaginariam o que ela já sofreu. Vejo a mulher que ela é hoje e me orgulho de sua força.
Há alguns anos, ela foi atropelada e quebrou a perna. O médico queria fazer cirurgia e colocar pinos para que o osso colasse, mas minha mãe rejeitava essa ideia. Ela pediu a Deus que permitisse que aquele osso partido colasse sem a necessidade de cirurgia. Foram muitos meses com a perna engessada, sofrendo dor, afastada do trabalho sem poder fazer nada. Além de tudo, sem a certeza de que o osso ia mesmo ficar bom. Mas Deus, que não dorme, atendeu ao pedido dela e colou o osso. O médico diz que é praticamente impossível que aquele osso volte a quebrar no mesmo lugar. Isso porque exatamente naquele ponto é agora o lugar mais forte do esqueleto dela. Lembro-me dessa história e de outras sobre coração partido, ou confiança quebrada, as quais minha mãe viveu e superou e se tornou mais forte como aquele osso.
Dizem que a dor de um osso quebrado é lancinante. Com a experiência da minha mãe vi também que o processo para curá-lo é igualmente penoso e duradouro. A despeito de tudo isso, o que mais me admira é que o osso ficou mais forte e dificilmente vai se quebrar novamente. Será o mesmo para coração partido? É o que tenho me perguntado ultimamente. Para esse caso, não há cirurgia, nem gesso. Como no caso do osso, também não há certeza de que irá colar novamente. Mas fecho os olhos e olho de novo para minha mãe, naquele aeroporto conversando com um novo amigo, olhos a brilhar. Eu sei que o coração dela já esteve partido. Eu estava lá quando isso aconteceu. Vejo que aqueles olhos não podem mentir: Ela é muito mais forte agora. Encho-me de esperança. O processo pode durar e pode doer por muito tempo. Mas sei que vai chegar um dia que irei perceber meu coração mais forte e ele não se partirá de novo facilmente.

“Quando chega o final a gente começa a pensar no começo”, li em algum lugar. Penso na noite que iniciei esse blog. Precisava dizer o que estava sentindo para não explodir. Hoje, novamente tenho necessidade de escrever páginas e páginas. Mas daqui em diante, prefiro reservar essas páginas para apenas uma pessoa: Eu mesma. Vou escrever para mim! Não sei se é possível, mas o que pretendo fazer daqui em diante é separar a Aline romântica da Aline Turismóloga. A emoção da razão e da ciência. Em breve, criarei outro blog dedicado a escrever sobre a minha paixão: O Turismo. Mas escreverei como a profissional que eu sou, enquanto a romântica bate em retirada, para cuidar de ficar mais forte depois de um atropelamento ao atravessar a rua sem olhar para os lados.
 Obrigada a todos que leram, elogiaram, incentivaram, enfim, a todos que me fizeram às vezes até me achar uma escritora de verdade! Valeu!

domingo, 18 de março de 2012

Peso ou Leveza?

Você já esteve apaixonado? Existe mesmo diferença entre amor e paixão? É possível só amar ou somente estar apaixonado? Tenho pensado nessas coisas nos últimos dias. Penso e me arrependo, porque se existe algo que é infinitamente melhor viver do que pensar sobre, é a paixão.
Quando menina, eu idealizava minhas histórias de amor. Assistia filmes e pensava que comigo seria como naquelas histórias. Me apaixonei por professores, me apaixonai por escritores e cantores. Mais tarde, viria a me apaixonar pela minha profissão. Mas nada disso se comprara a estar apaixonado por alguém e no instante que se está com aquela pessoa, perder todo o medo: Perder o medo do escuro, o medo do futuro, perder o medo dos outros.

Há alguns dias descobri uma boa ferramenta para treinar inglês, que é um programa onde ouvimos as músicas e as completamos com as palavras que faltam, enquanto as ouvimos. Na semana da morte da Whitiney Houston, treinei bastante com as músicas dela. A música “I will Always love you”, que já era conhecida por mim desde os tempos que eu era uma menina e idealizava meus amores, de repente pareceu a história da minha vida. A certeza de que o amor eterno existe. Um amor que a despeito de todas as dificuldades, de toda a distância, tempo, indiferença, continua existindo. É uma canção triste. É uma canção de despedida. E entre aulas de inglês, chá, compras e frio, pensava se por ser essa uma triste história, eu seria triste. Mas concluí que não. Amar me faz sentir viva, forte e corajosa. Amar faz bem para mim, talvez mais do que à pessoa amada. O amor é pesado, algumas vezes sufocante, mas simplesmente indispensável.
Não me arrependo de amar. Depois de tomar algumas atitudes, penso como fui ridícula. Percebo que se pudesse voltar no tempo, seria tão ridícula quanto fui, quantas vezes achasse necessário. É como no diálogo entre Gil Pender e Hemingway no filme Meia Noite em Paris (vídeo abaixo). Se já provei por um instante a sensação de perder o medo da morte? Já sim. E é por isso que meu conselho, quando alguém diz que está amando, sempre é: Vá! Porque amar é a melhor coisa do mundo.




(Tradução: Um amor verdadeiro e real cria uma trégua da morte. Toda covardia vem de não amar ou não amar bem, o que dá na mesma. Quando um homem corajoso olha a morte de frente, como caçadores de rinocerontes ouBelmonte, que é muito corajoso, é porque amam com paixão suficiente para esquecer a morte até ela retornar, como faz com todos os homens. Então deve fazer amor bem feito de novo.)


A melhor coisa é quando a paixão e o amor andam juntos e são recíprocos, o que é uma grata raridade. Porque eu acredito no amor feliz e correspondido, que vem acompanhado com doses generosas e diárias de paixão. Sonho com isso e ainda vou realizar.
Entretanto, tenho percebido que na maioria das vezes sempre falta alguma coisa: Ou amor de um lado, ou a paixão de outro, ou as duas coisas por uma das partes – que é o amor não correspondido.
Penso que estar apaixonado, apesar de não ser tão sublime e intenso quanto quando se ama, é uma deliciosa experiência. As pequenas loucuras provocadas pela paixão deixam a vida mais saborosa, mais prazerosa, mais colorida. Essas coisas de se pagar sorrindo ao se lembrar de alguém. A paixão é leve. Tão leve que pode ser levada facilmente pelo vento, se não cuidamos para que permaneça. Para mim, a paixão vem e vai facilmente. Vez por outra me descubro apaixonada. E gosto disso!
E então? O que é melhor? A leveza da paixão ou o peso do amor? É esse, afinal, o tema do meu blog, inspirado num dos meus livros preferidos. Portanto, eu deveria saber a resposta. É justamente por não saber a resposta que escrevo aqui. Talvez colocar os sentimentos em palavras os torne mais inteligíveis. Ou não. Afinal, tenho escrito há um tempo e ainda não encontrei uma resposta. Vendo o título desse blog, você pode ver minha fotografia: Sempre em entre a leveza e o peso, sonhado que um dia, eles possam estar juntos outra vez.

sábado, 3 de março de 2012

O Mar Outra Vez

Há quase um ano iniciei esse blog. Sem a menor pretensão artística, muito menos financeira, desejava simplesmente colocar em ordem as ideias que estavam soltas e bastante confusas na minha mente. Sempre gostei de escrever e naquele momento de grande turbulência, escrever veio como uma terapia. Era a mão de quem lhe traz água com açúcar, ou lhe oferece o ombro, num momento de dificuldade. Hoje, a frequência de textos diminuiu consideravelmente. Isso se deve em parte porque ando sem tempo ultimamente, mas acredito que o principal motivo, como eu esperava e até mencionei aqui, o tempo passou e ajudou a colocar as coisas um pouco em ordem outra vez. Lembro-me que iniciei falando sobre o mar. E foi novamente olhando para o mar que pensei que seria hora de escrever novamente.




E lá estava ela diante do mar novamente. O vento era frio e parecia cortar sua face. As mãos, sob as luvas de couro, estavam geladas. Era um dia azul de inverno. Nunca havia pensado que pudessem existir dias azuis no inverno. Nunca havia pensado que viveria tanta coisa que viveu naqueles meses, desde que esteve hipnotizada pelas ondas. Na praia, as pessoas usavam casacos em vez de biquínis. E não haviam muitas ondas. Enquanto esperava por algumas amigas, andava e pensava. O mar continuava exercendo sobre ela um verdadeiro fascínio. Apesar do frio, sentou-se na areia e olhou o horizonte. Imaginava o que havia além daquelas águas. Quão distante estaria do outro lado do oceano? Será que daquele lado haveria alguém, como ela, especulando sobre o desconhecido? Haveria alguém que, como ela, olhava para o mar e compreendia a vida com mais serenidade? Olhava para o mar e olhava para si: Aqueles dias frios e solitários eram uma dádiva de Deus. Longe de quase tudo o que lhe era comum, conseguia enxergar melhor a si. Encarava com mais clareza suas fraquezas, seus sucessos e seus desejos. Avaliava melhor sua história até ali. Definia melhor o que queria para adiante.
Vez por outra, passava diante dela um casal de braços dados, uma mãe com o filho, um senhor com seu cachorro. O senhor lançava um objeto bem longe e o cachorro corria para alcança-lo. Parecia ficar nervoso quando demorava para encontrar o objeto. Ela continuava sentada, observando tudo. O mar continuava tranquilo, a despeito de toda agitação à sua margem. Aquele mar não tinha muitas ondas, aquela praia não tinha banhistas, aquelas águas eram geladas e certamente nelas viviam outros peixes. Entretanto, tratava-se do mesmo oceano. Ela por sua vez, tinha agora a pele mais clara e o cabelo mais longo. Conseguia entender as músicas em inglês, mesmo as que não eram dos Beatles. Havia enfim visto a neve e comido num café parisiense. Aprendera a esperar e lidava com as intempéries da vida com mais calma que antes. Vira filmes e lugares, experimentara novas sensações, provara novos sabores e ouvira outros sons. Tanta novidade...
Olhava de novo para o mar e de novo para si. Como poderia ser ela, se tanta coisa havia se passado, quem era ela agora, depois de tudo isso? Sabia que algo estava diferente, mas não conseguia entender. A resposta acenava tranquila à sua frente. Era como se seu amigo oceano lhe dissesse: Se eu posso ser tão diferente e ser o mesmo, você também pode. E foi aí que percebeu que apesar de tantas mudanças, ela era a mesma. Continuava se emocionando com a vida, gostando de comer e cozinhar, sentia saudade sem fim, amava sem fim, amava samba com a mesma intensidade que amava rock’n’roll, trocava as letras ao digitar e assistia filmes repetidos.
O mar à sua frente bem que poderia ser um espelho, pois, assim como ele, que agora estava tranquilo e com poucas ondas, ela também se sentia assim: tranquila e serena. Muita coisa havia mudado? Sim. Novas experiências haviam se somado às outras? É claro que sim, afinal, estava viva! Mas isso não fazia dela outra pessoa. Era a mesma de sempre. Como uma pedra que ao rolar pelo rio é aos poucos lapidada, mas continua tendo a mesma composição, assim era ela. Sentia-se feliz, compreendia-se melhore gostava disso. Gostava dessa versão de si mesma, dessa pedra que ia se lapidando, rolando no rio, conhecendo seu curso, ouvindo seu som.
“Todo mundo devia sentar em frente ao mar de vez em quando”, pensou. Todo mundo devia se olhar no espelho vez por outra...

Voltei. Tava com Saudade.

Hoje eu voltei. Voltei porque senti saudade. Saudade do tempo que eu podia chorar no seu ombro as minhas mágoas, filosofar minhas ide...