quinta-feira, 5 de abril de 2012

O que aprendi com a minha mãe


Não sou uma pessoa muito velha, mas Deus já me deu a oportunidade de viver experiências maravilhosas e conhecer pessoas incríveis. Costumo dizer que gostaria de ter uma caixinha pra colocar certas pessoas, para que sempre eu pudesse estar perto delas. Entram nesse hall algumas poucas, mas insubstituíveis e indispensáveis amigas, alguns professores maravilhosos, meus irmãos.
Mas tem alguém que eu sonho em ter sempre perto, mais do que todos esses. Alguém pra quem eu sempre corro quando dá tudo certo ou dá tudo errado. Alguém que estudou pouco, mas é muito mais inteligente que muito doutor por aí. Alguém que viajou pouco, mas conhece o mundo como ninguém. Alguém que inexplicavelmente sabe exatamente o que eu preciso, na hora certa, sem eu precisar dizer. A mulher que eu mais admiro no mundo e igual quem eu quero ser quando crescer: minha mãe.
Todo mundo que a conhece é apaixonado por ela. Às vezes eu queria que fosse exclusividade minha, mas não tem jeito: A casa vive cheia de amigas dela, o telefone dela não para de tocar e aonde ela vai acaba conquistando mais alguém. Na volta da minha viagem, quando eles foram me buscar no aeroporto, dizem meus irmãos que ela chorava a cada reencontro que assistia e logo puxou conversa com várias pessoas. Posso imaginar a cena dela lá, falando com as pessoas, sobre Deus, meio ambiente, Dilma, homens ou a música do Michel Teló. Posso ver ela toda eloquente, cheia de ideias tão peculiares, com aquele brilho no olhar. Essas pessoas viram um pouco de quem é minha mãe, mas jamais imaginariam o que ela já sofreu. Vejo a mulher que ela é hoje e me orgulho de sua força.
Há alguns anos, ela foi atropelada e quebrou a perna. O médico queria fazer cirurgia e colocar pinos para que o osso colasse, mas minha mãe rejeitava essa ideia. Ela pediu a Deus que permitisse que aquele osso partido colasse sem a necessidade de cirurgia. Foram muitos meses com a perna engessada, sofrendo dor, afastada do trabalho sem poder fazer nada. Além de tudo, sem a certeza de que o osso ia mesmo ficar bom. Mas Deus, que não dorme, atendeu ao pedido dela e colou o osso. O médico diz que é praticamente impossível que aquele osso volte a quebrar no mesmo lugar. Isso porque exatamente naquele ponto é agora o lugar mais forte do esqueleto dela. Lembro-me dessa história e de outras sobre coração partido, ou confiança quebrada, as quais minha mãe viveu e superou e se tornou mais forte como aquele osso.
Dizem que a dor de um osso quebrado é lancinante. Com a experiência da minha mãe vi também que o processo para curá-lo é igualmente penoso e duradouro. A despeito de tudo isso, o que mais me admira é que o osso ficou mais forte e dificilmente vai se quebrar novamente. Será o mesmo para coração partido? É o que tenho me perguntado ultimamente. Para esse caso, não há cirurgia, nem gesso. Como no caso do osso, também não há certeza de que irá colar novamente. Mas fecho os olhos e olho de novo para minha mãe, naquele aeroporto conversando com um novo amigo, olhos a brilhar. Eu sei que o coração dela já esteve partido. Eu estava lá quando isso aconteceu. Vejo que aqueles olhos não podem mentir: Ela é muito mais forte agora. Encho-me de esperança. O processo pode durar e pode doer por muito tempo. Mas sei que vai chegar um dia que irei perceber meu coração mais forte e ele não se partirá de novo facilmente.

“Quando chega o final a gente começa a pensar no começo”, li em algum lugar. Penso na noite que iniciei esse blog. Precisava dizer o que estava sentindo para não explodir. Hoje, novamente tenho necessidade de escrever páginas e páginas. Mas daqui em diante, prefiro reservar essas páginas para apenas uma pessoa: Eu mesma. Vou escrever para mim! Não sei se é possível, mas o que pretendo fazer daqui em diante é separar a Aline romântica da Aline Turismóloga. A emoção da razão e da ciência. Em breve, criarei outro blog dedicado a escrever sobre a minha paixão: O Turismo. Mas escreverei como a profissional que eu sou, enquanto a romântica bate em retirada, para cuidar de ficar mais forte depois de um atropelamento ao atravessar a rua sem olhar para os lados.
 Obrigada a todos que leram, elogiaram, incentivaram, enfim, a todos que me fizeram às vezes até me achar uma escritora de verdade! Valeu!

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