Nunca fui muito ligada á prática de atividade física. Desde criança olhava com desânimo as brincadeiras de pique e na escola sempre matava as aulas de educação física. Esportes com bola, então, me causavam verdadeiro pânico! Mas de uma coisa eu sempre gostei: Andar de bicicleta. Desde o início, quando minha mãe ou outra pessoa segurava trás pra eu não cair, ou quando perdia o freio nas ladeiras, ou quando ia de bicicleta passar em frente à casa dos paqueras. Era ótimo! A bicicleta sempre foi minha companheira. Então fiquei mais velha e passei um bom tempo sem pedalar, até que há pouco tempo atrás, me dando conta de que precisava fazer exercícios, pensei em um esporte que poderia me dar algum prazer. E me lembrei da minha paixão da infância: Comprei uma bicicleta vermelha linda! Desde então tenho pedalado. Não tanto quanto eu gostaria, é verdade, mas sempre que posso, estou lá, girando os pedais: Ora depressa, ora devagar, ora ouvindo música, ora contemplando a paisagem, ou os dois!
Domingo resolvi testar um novo caminho, uma estrada um tanto deserta que tem aqui perto de casa, cujo visual é bem bonito, mas o estado “deserto” me coibia um pouco. Foi bom ter ido porque aquele caminho, pois vi que não era tão perigoso assim e experimentei um passeio bem agradável. Nesse passeio, minha bicicleta me ensinou uma boa lição.
Eu estava acostumada com uma trilha bem plana, somente algumas subidas leves, tranquilas. Desta vez, pedalando toda feliz a som da trilha animada de “Dirty Dancing”, me espantei quando vi que estava subindo um longo morro! No começo, tudo bem, mas antes de chegar à metade, já estava com o coração na boca! Eu olhava a curva logo à frente e pensava: “Não vou desistir. Vou chegar até lá e ver o que há. Não vou descer dessa bicicleta e terminar empurrando-a. Não foi pra isso que vim aqui!” Num instante, achei que desmaiaria, de tanto que estava me esforçando. Aí parei. Encostei a bicicleta e me sentei no chão (coração batendo forte). Comecei a olhar em volta: Lá na frente, uma árvore com flores vermelhas, no céu, super azul, o sol brilhava e queimava minha pele. Haviam ainda mato e barulho das árvores. E a música continuava tocando. Meu coração ia se acalmando e eu resolvi que era hora de voltar para bike. A subida continuava forte, mas eu ia devagar, uma pedalada de cada vez. A cada pedalada, algo novo para ver, a cada pedalada, mais uma parte da ladeira ficava para trás. A ladeira enfim acabou e pude ver que à frente da curva havia sombra, belas árvores, descanso. Foi ainda melhor quando, na volta, pude descer aquele morro que havia subido, a toda velocidade! Como é maravilhosa a sensação do vento batendo no rosto! Como foi bom ter subido! Superei meus limites, vi coisas novas e ainda pude aproveitar a descida!
Então pensei: Preciso aprender a gostar do caminho. Afinal, existem subidas e descidas, sol escaldante e sombra de grandes árvores. O negócio é aproveitar tudo! Se cada fase da trilha for aproveitada, chegaremos às novas etapas mais fortes e preparados. É como na vida. Quantos já disseram: “Bom era quando eu era criança!” Ou: “Meu Deus! Estou chegando aos 30!” “Aos 50!”. Eu prefiro curtir meus vinte e poucos, como curti a adolescência e a infância. Quando for uma balzaquiana, vou aproveitar as delícias dessa idade. Colocar a experiência que 30 anos de vida me proporcionaram a serviço de uma vida com mais serenidade e sabedoria. Não quero reclamar das ladeiras à minha frente: Quero viver um dia de cada vez e aproveitar as belezas do caminho: as pessoas que eu conhecer, os lugares que visitar, os livros que ler. Não quero lamentar os anos passados e fantasiar que eram melhores que agora. Todos eles foram bem vividos, mas o hoje me oferece tantas oportunidades para ser e fazer tudo diferente! O amanhã também pode ter belas estórias me esperando! Especialmente se eu quiser e souber aproveitar.
Me orgulho da vida que levei até agora, dos amigos que fiz dos filmes que assisti, dos lugares que conheci. Mas quero muito mais! Quero ter novas experiências e ver o por do sol por um ângulo que nunca vi. Quero comer coisas que nunca comi. Se para isso, preciso acumular algumas rugas e pés de galinha, paciência. Serão marcas da vida maravilhosa que vivi. Quero escrever melhor a cada dia. Mas também quero ler. E por hoje, quero terminar de ler o livro ótimo que estou lendo e pedalar um pouco. Minha bicicleta e a ladeira “vencível” me esperam!
(desculpem: acho que escrevi demais...)
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