domingo, 18 de setembro de 2011

O que podemos aprender com os peixes



É dezembro e percebemos que o calor aumenta, logo começam as famosas chuvas de verão, que vão se estender até fevereiro. Para nós, humanos, as chuvas muitas vezes são sinônimo de transtorno: adiar aquele passeio, ser surpreendido por ela na rua e ficar completamente encharcado, ou mesmo ter prejuízos materiais. No entanto, há um lugar onde todos estão “felizes” com a chegada do calor e das chuvas: são os rios ondem vivem milhares de peixes. Para eles, essa época significa (se fossem humanos e entendessem de significados!) renovação, procriação, manutenção da espécie. É a Piracema. Esse fenômeno acontece no mundo todo, e, no Brasil, recebeu dos índios esse nome, que significa “saída de peixes”, Isso porque na procura de lugares mais cheios, quentes e com alimento suficiente para se sustentar e aos seus filhotes, os peixes sobem os rios contra a correnteza, promovendo, para quem vê, um verdadeiro espetáculo. O que muitas vezes quem assiste não sabe, é que para os peixes esse é um fenômeno difícil e por vezes doloroso. No caminho rio acima, eles enfrentam a correnteza, os predadores, a pesca predatória a e até a gravidade! Muitos morrem nesse caminho e os que conseguem concluí-lo, assistem à morte de muitos filhotes, pois apenas menos de um por cento de todos aqueles novos peixinhos irão conseguir sobreviver a tantos obstáculos. Ainda sim, no ano seguinte, eles estarão lá novamente, subindo o rio para cumprir seu objetivo, para alcançar seu propósito na vida. Se pensarmos um pouco sobre isso, podemos perceber que a Piracema nos dá uma boa lição.
Muitas vezes, nossa vida chega num ponto que é necessário partir: fazer aquela viagem, colocar em prática aquele projeto, aquele sonho, não importa: algo que sabemos no nosso íntimo que precisamos fazer para ser melhores, mais felizes e realizados. Não é fácil tomar a decisão de partir nessa empreitada, afinal, nem sempre o lugar – ou situação – que estamos é tão ruim: ele pode ser até mais confortável que o que estamos buscando.  Mas o que queremos é a felicidade, que vem através de um limite pessoal superado, ou o reconhecimento das pessoas, um bom resultado alcançado, a renda aumentada, ou tudo isso junto.  Muitas vezes, só nós mesmos entendemos o porquê dessa busca, dessa partida. A “subida do rio” é algo solitário, embora outros peixes estejam fazendo o mesmo, cada um tem o seu objetivo. Mesmo que haja uma plateia torcendo a apoiando, lá no rio os peixes se debatem sozinhos contra as águas.
Realizar esse projeto pessoal não é fácil. Assim como no caso dos peixes, quem assiste pode considerar aquilo um espetáculo de coragem, de loucura, de determinação. Mas somente nós é que sabemos o quanto custa trilhar esse caminho em busca da nossa felicidade. Os predadores, como o desânimo, as pessoas e até o próprio corpo estão à espreita, procurando ocasião para nos impedir, ou dificultar nosso trabalho. As águas dos acontecimentos vão aumentando e muitas vezes respirar é difícil e pesado.
Uma vez li uma frase que nunca me esqueci: “Se você não sair do lugar, não irá furar o pé em algum prego no caminho. Mas também não chegará a lugar algum”.  Porque quem se arrisca, a despeito de todos os desafios, chega ao seu destino. Pode acontecer de o destino não ser exatamente o que se pensou? Pode. Podem acontecer feridas que vão deixar marcas para sempre? Podem.  Mas ainda sim, ao chegar ao alto do rio, penso que os peixes se regozijam. E assim nós, na nossa vida. Quando chegarmos lá, é bem provável que olhemos para cima e nos demos conta de que agora queremos subir mais e chegar mais alto. Ou então que queremos voltar. O que não quer dizer retrocesso, mas amadurecimento. De uma forma ou de outra, após essa experiência, jamais seremos os mesmos. E certamente estará nos nossos olhos aquele brilho inconfundível de quem sabe o que é realizar um sonho. 

Informações obtidas de: Mundo Estranho
Fonte da imagem: Piracema

domingo, 11 de setembro de 2011

Eu amo voar*

Tudo parecia novo para mim: check in no balcão da Cia. Aérea, raio x na bagagem de mão, sala de embarque. Entrar naquele túnel e entrar no avião. A aeromoça dava as instruções de praxe, eu procurava prestar atenção, mas estava um tanto quanto eufórica na minha primeira viagem. Aquela acelerada para decolar, a sensação estranha nos meus ouvidos, as nuvens lá em cima: Tudo maravilhoso para mim. Outros voos viriam depois desse, sempre com a mesma emoção. Há pouco tempo atrás, tive a oportunidade de voar de parapente. Enquanto esperávamos o vento certo, o instrutor me dava as orientações: Quando ele contasse até três, eu tinha que correr, correr, eu seria puxada para trás, mas tinha que resistir e continuar correndo. Aos poucos meus pés sairiam do chão. E aí o céu era o limite. Não ter o chão sob os pés, não conseguir controlar. Estar à mercê de outra pessoa, ou mesmo das intempéries. Isso lhe parece familiar? A mim, isso lembra outra sensação, tão boa quanto, mas talvez mais avassaladora: se apaixonar.

Já me apaixonei muitas vezes: por couve com angu, pelos livros da Coleção Vagalume, e, mais tarde, pelo Machado de Assis. Me apaixono frequentemente pelo Chico Buarque e pelos Beatles (que em breve irei visitar a terra natal! Yes!!!), me apaixonei pela minha profissão. Sou enfim, uma garota apaixonada.
Estar apaixonado nos faz voar, é como no meu voo de parapente: no começo, sua cabeça diz: Volta, volta, enquanto há tempo! E te puxa para trás. Ahhhh... Se ouvíssemos a razão! Com certeza teríamos o coração menos partido e sofreríamos menos. Mas também não conheceríamos o prazer de estar envolvido, se sentir o coração disparar pela simples menção do nome de alguém, de achar maravilhosamente indispensáveis coisinhas que habitualmente ignorávamos, a sensação de desaparecerem as palavras, outros sons encherem o espaço e se abandonar num abraço, como bem cantou Elis Regina. Aliás, ela descreve tão bem o que é estar apaixonado que nem ouso tentar explicar aqui.
Ao longo dos meus humildes 27 anos – quero viver pelo menos mais 73, conheci o prazer de voar e também o prazer de me apaixonar. Refletindo sobre tudo de bom que vivi, e também o quanto já sofri, percebo que não sei ser diferente. É assim com a minha profissão de turismóloga que ainda não me deu muito bons frutos. É assim quando me pego comprando o mais novo CD do Chico. Corro, corro, corro. A razão me puxa para trás, avisando que seria melhor fazer Direito, ou baixar as músicas na internet. Mas assim como quando o avião acelera para ganhar as alturas e nosso ouvido fica como que tampado, meus ouvidos se tampam e não ouvem a razão. Corro para experimentar a sensação de me apaixonar mais uma vez.
Essa semana assisti o filme “O Homem do Futuro”, que conta a estória de um homem que inventa uma máquina do tempo e volta ao passado para tentar consertar um acontecimento no seu passado. Saí do cinema pensando que gostaria de ter uma maquininha dessas para voltar ao passado. Para mudar de ideia e não dar o número de telefone? Mantar a farsa do nome errado? De jeito nenhum. Queria ter uma máquina do tempo para fazer tudo igual e me apaixonar de novo, de novo, e de novo. Eu sei: Ainda não inventaram a máquina do tempo. E eu também não preciso dela. Tenho meus 73 anos pela frente e espero voar e me apaixonar muitas vezes ainda. O próximo voo será de asa delta no Rio de Janeiro. A próxima paixão eu não sei qual será: Você teria um bom CD ou livro para me emprestar?



*homenagem a uma amiga minha que ainda vai voar muito. E ver porque eu digo que preciso disso pra viver!

Música da Ellis que eu comentei: http://letras.terra.com.br/elis-regina/45676/


domingo, 4 de setembro de 2011

Não quero ser mesquinha!



(Tirado de http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/cascavel-promovera-o-i-festival-da-galinha-caipira/)


Outro dia, ao sair do trabalho indo às pressas para o curso de inglês, ia ouvindo música e pensando na vida, remoendo maus problemas. Tocava “Stand by me”, numa versão ótima que achei na internet.
Caminhando pela longa avenida (as avenidas são sempre longas quando estamos atrasados!), comecei a reparar que enquanto eu ia correndo para minha aula, um homem falava alto ao celular e gesticulava muito. Pessoas esperavam o ônibus. Uma adolescente corria em direção ao namorado e lhe dava um beijo apaixonado, de dar inveja. Uma mulher entrava num carro, que parara para apanhá-la. Para onde ia? Não sei. O que percebi é que todos estavam envolvidos com a sua vida. Eu não poderia dizer que os problemas que eles viviam eram menos graves que os meus. Talvez fossem até bem mais graves. Aquela adolescente apaixonada me fez constatar que existem tantos romances, tantos beijos, que por um instante pensei que o amor poderia ser algo tão comum, tão recorrente, que o tornaria menos especial. Logo voltei atrás e vi que não. Para cada um que ama, seu amor é único e diferente de todos os demais. Mas observar que a vida seguia independente de como eu estava, independente dos meus problemas ou dos meus sucessos, foi algo que me levou a questionar quão genuínas são minhas reclamações. Me fez sentir pequena, mesquinha.
E eu odiei me sentir assim. Costumo brincar e dizer que a única coisa no mundo que tenho medo é de galinha – sim, aquela ave coberta de penas, que cisca no quintal, atrás de insetos, aquela que grita assustadoramente quando bota ovo. Tenho pânico de galinha. Mas dizer que só tenho medo de galinha seria arrogância demais. Tenho medo de ficar sozinha, de ser incompreendida, mas sobretudo tenho medo de ser mesquinha. Ora, a vida acontece lá fora independente de mim. Ficar aqui escrevendo, chorando minhas tristezas, enchendo esse blog de “verdades”, que na minha arrogância acabo tendo como universais, me deixa envergonhada.
Assim, quero nesse texto dizer aos meus poucos, mas preciosos leitores, que as palavras que aqui encontram são como um grão de areia na praia, ou uma gosta no oceano. O que eu escrevo aqui são apenas reflexões, de pensamentos que chegam à minha mente e fazem muito sentido para mim, mas pode ser que não faça sentido pra mais ninguém. Não sou, nem quero ser a dona da verdade. Leiam, mas não se esqueçam disso: Tem sempre a outra metade da laranja, a cara, a coroa, o réu e a vítima. Cada um tem seu lado da estória, e nenhum é melhor que o outro. No final, o que conta na vida, mais do que as nossas ideias, é o que vivemos de verdade, e a marca que deixamos na vida das pessoas que cruzam nosso caminho. Espero ter deixado boas marcas, além das palavras.

Voltei. Tava com Saudade.

Hoje eu voltei. Voltei porque senti saudade. Saudade do tempo que eu podia chorar no seu ombro as minhas mágoas, filosofar minhas ide...