domingo, 28 de agosto de 2011

Datas

Desde menina, ela era boa com datas. Se lembrava do dia que os pais fizeram planos sobre aquela viagem, pois foi nesse dia que a mãe havia feito lasanha. Associava um evento ao outro e com isso conservava na memória a data de cada acontecimento. As amigas se espantavam de como ela se lembrava de cada episódio da faculdade, de cada viagem, de cada bar que conheceram. E que voltaram a conhecer. Era o caso do bar daquela noite de 29 de agosto. E não há nada de especial que a faça se lembrar daquela data. Ela havia chegado mais tarde no trabalho e brigara com a chefe, que por algum motivo se sentia desafiada por ela. Tudo que precisava, no final do dia, era sambar. Sair com as amigas e ouvir o melhor dos ritmos. Não sabia que aquela noite de 29 de agosto iria modificar sua vida de uma maneira que jamais pensou. Como Tereza e Thomas, que precisaram de seis acasos para se encontrar, naquela noite houveram muitos acasos também. É por isso que essa data é tão vívida em sua memória.
Hoje, ao se lembrar daquele dia, seus olhos ficam molhados. Tenta pensar que isso não havia sido combinado e que o certo era ter um sorriso nos lábios. Tenta sorrir e acaba conseguindo, pois aqueles anos que passaram foram realmente maravilhosos e sorridentes. Hoje, ao andar pela rua, de vez em quando se depara com a lembrança daqueles dias. Uma praça, uma música ou um cheiro apenas, são motivos para recordar e perceber que alguns acontecimentos marcam irremediavelmente. Novas datas sugiram e novos planos vão se vislumbrando ao longo do caminho. Já fez viagens, já voou, conheceu outros bares, ouviu outros ritmos, comprou novos CDs. Tanta coisa aconteceu, mas não foi suficiente para que mais um 29 de agosto passasse despercebido.
Pensa em dividir sua angústia com as amigas que a acompanharam naquela noite. Afinal, todas sambaram, não é possível que só ela tenha aquela data como especial. Percebe que cada um tem a suas datas. E que aquela era dela, e de mais ninguém. Não há com quem dividir aquela recordação, e que para o resto do mundo aquele 29 de agosto foi igual ao dia 30 ou 31.
Estaria ela errada de marcar as datas assim, com tanta precisão? Acaba se lembrando da frase atribuída a Camões: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. E ela, que mistura a precisão das datas, com a imprecisão dos acontecimentos da vida, acaba conseguindo estampar nos lábios um sorriso. Percebe que gosta de se lembrar daquele dia, como tantos outros que também foram importantes. Percebe que tem orgulho do que viveu e de se lembrar disso, mesmo que essa lembrança não seja compartilhada por mais ninguém. Respira fundo e deseja a si mesma: Feliz 29 de agosto! “Feliz ano velho”, felizes anos novos!



domingo, 21 de agosto de 2011

Gostar de si


Outro dia, comprei um vestido maravilhoso. Estou ansiosa para a chegada do verão, para que eu possa usar. Mas nesse post não vou falar de vestidos, nem do verão. É que no dia que comprei esse vestido aconteceu algo inusitado, ou pelo menos inesperado: O dono da loja flertou descaradamente comigo. Depois, contando o caso para um amiga, eu viria saber que ele faz isso com todas as mulheres que vão lá. Mas isso não vem ao caso agora. O que quero dizer é da sensação boa que eu tive ao receber cantadas, elogios, etc. Claro que na frente do cara eu me mantive irredutível, mas saí de lá com o vestido nas mãos e borboletas no estômago!  Fiquei pensando em como é bom se sentir desejada, como é bom saber que as pessoas ao redor admiram sua beleza. Ainda bem que logo pensei melhor e vi que estava errada. E é o que quero compartilhar aqui.
O importante não é o outro te achar bonita. O ponto é como nos sentimos e como nos posicionamos diante disso. Depender do elogio de um vendedor de loja, ou de um pedreiro de obra para se sentir bem, não é legal. Afinal, não é todos os dias que um desses aparece no nosso caminho. Também não é possível esperar que sempre exista alguém apaixonado por nós que vai nos dizer todos os dias o quanto somos maravilhosas, já que nem sempre esse alguém existe. O que fazer, então? Morrer de depressão, com a autoestima abaixo da sandália rasteirinha mais baixa? Creio que não. Pelo menos, não é o caminho que escolhi para mim.

Percebi que o melhor é quando nós gostamos de nós mesmos. Às vezes, faço caras e bocas em frente o espelho. Sorrio, olho para um lado e para o outro. Mexo no meu cabelo, experimento aquele vestido que não uso há um tempão. Percebo que ele ainda fica bonito e que preciso arrumar um programa para poder usá-lo. Nesses momentos em frente o espelho às vezes percebo uma marca que antes não havia. Algumas vezes é um roxo na minha coxa – marca do meu conhecido estabanamento, em outras é uma espinha, ou uma linha de expressão. Vejo aquelas marcas e sei a história delas. Sei o caminho pelo qual passei até chegar ali, até ficar assim. Olho para meus olhos, brilhantes, minha boca sorridente. Me acho bonita. E não apenas isso: Sinto-me interessante pelos livros que li, pela família que tenho, pelas minhas habilidades na cozinha, as viagens que fiz e as que quero fazer. Nessas horas, me acho realmente irresistível! Essa admiração por mim mesma não é constante. É claro que tenho momentos de me achar horrorosa e desprezível! Mas descobri que o melhor é me sentir bem comigo, sem me preocupar muito com o que os outros vão achar.
E quando nós gostamos de nós, andamos diferente pelas ruas. Reagimos diferente aos desafios apresentados ao longo do caminho, pois defendemos melhor quem nós somos. Não falo de um orgulho arrogante e desnecessário, mas saber o seu valor perante os outros, no seu trabalho, nos relacionamentos, em casa, na rua. Quando gostamos de nós, sabemos o nosso valor e os outros acabam percebendo isso de alguma forma e nos olhando com outros olhos, nos valorizando também. O primeiro passo para alguém te achar bonita (ou bonito) e se achar assim.
Disse que pensei em escrever isso numa conversa com uma amiga. Falávamos sobre amor próprio. Pensei em como ela (e eu também, claro) deveria ter consciência do quanto é bonita, inteligente, interessante. De como ela é importante e amada. Às vezes esquecemo-nos disso no meio do caminho e trocamos os pés pelas mãos, nos ferimos. Já li em algum lugar aldo como “antes de gostar dos outros, precisamos gostar de nós”. E não nada mais verdadeiro: Ninguém gosta de quem não se gosta. É como nas instruções quando o avião está para decolar “Coloque a máscara primeiro em você, depois ajude os outros...”.
Todo mundo tem seu dia de baixo astral (às vezes é sua semana ou mês!). Acredito que não há nada de errado com isso. Para esses dias, não vejo programa melhor do que passar em frente a uma obra! Agora se além de ser cantada você ainda quer comprar um vestido, uma blusa ou uma bolsa, depois pega comigo o endereço da loja!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Andei sumida...


Ando meio sem tempo para escrever aqui. Por um lado isso é bom. Meu intuito ao fazer esse blog nunca foi ficar famosa ou alcançar muitos seguidores, mas apenas tem um lugar meu para manifestar minhas emoções, que estavam à flor da pele naquele momento. Ainda estão. Mas a boa notícia é que tenho conseguido levar a minha vida para frente, apesar dos pesares. Penso que não ter tempo para escrever no blog significa que estou enchendo minha agenda de vida, e não apenas de reflexões! Refletir é bom de vez em quando, mas como diria o poeta, “Viver é melhor que sonhar”.
Alguma pessoas falaram comigo que gostaram dos textos, e que eu não deveria parar de escrever. Pois: Para essas pessoas, me sincero agradecimento. Fico lisonjeada, pois, acho que não mereço tanto. Não mereço nada.
Outra coisa que me fez sumir foi que tinha muitas ideias de coisas para escrever, mas não sabia qual ideia deveria explorar. Hoje, conversando com uma amiga, tive uma ideia que precisava sair da minha cabeça. Espero que gostem. Pretendo postá-la ainda hoje – depois da novela. Pois quero ver quem matou a Norma, com quem o André vai ficar, se o Léo vai morrer ou se dar bem, etc... rs

Voltei. Tava com Saudade.

Hoje eu voltei. Voltei porque senti saudade. Saudade do tempo que eu podia chorar no seu ombro as minhas mágoas, filosofar minhas ide...