Saudade. Palavra que existe apenas
em português. É o que dizem. Sorte dos estrangeiros, que não sentem saudade.
Por que é a dor mais doída. E foi sentindo saudade hoje que me deu vontade de
escrever, como que para trazer o objeto de saudade de volta perto de mim.
Hoje eu senti saudade de um tempo
que não volta mais. Piquenique no parque, dividir brinquedos, casa na árvore,
recreio, merenda, disco da Xuxa, sopa de pão, não entrar na piscina por duas
horas depois de comer, brincar com as coisas velhas da Vovó Branca, comer amora
na casa da Vovó Preta. Que saudade da minha avó! Que saudade dos meus pais, dos
meus irmãos. Saudade da minha casa, saudade, saudade.
Por que é que a gente tem que
crescer? Sair de casa? Em casa a gente nunca está sozinho. Quando a gente está
em casa, o problemas parecem menores e as noites, menos frias. Longe de casa a solidão parece um abismo sem
fim, um deserto, onde as noites tem frio insuportável. Longe de casa se
descobre que insônia existe mesmo! E que é horrível acordar tão cedo e não ter
ninguém pra conversar, não ter a mãe entrando no quarto e falando que precisa
abrir a janela pra entrar um ar, que o pai comprou pão, perguntando o que ela
faz de almoço.
Entrei nos arquivos do blog pra
escrever outro texto, e me deparei com esse que comecei a escrever meses atrás.
Percebi que a saudade só aumenta com o tempo, mas que vai deixando a gente
duro, vai cauterizando o coração. E dura é um adjetivo que não quero ter, pelo
menos não nesse sentido. Quero olhar pras coisas e pessoas com a mesma
singeleza e ternura de tempos atrás. Quero ser capaz de me emocionar, quero
acreditar, mesmo que o mundo diga o contrário. Mas isso é assunto para o
próximo texto, que publicarei daqui a pouco.